Aquele momento em que você para e
pensar “por que eu li esse maldito mangá?” A
curiosidade pode nos levar a caminhos que não tem mais volta. Eu nem consigo me
lembrar o que me levou a ler, entretanto, eu já sabia que eu não ia saber lidar
com ele a partir do momento que percebi do que se tratava. Eu tentei parar, juro
que tentei, mas eu não pude conter a vontade de saber onde tudo isso ia parar. O
que senti enquanto lia isso? Raiva! Frustração!
Esse é um Manhwa ( mangá coreano),
um webcomic (Webtoon). São histórias em quadrinhos coloridos, publicados
exclusivamente na internet. Esse foi dividido em 38 capítulos. Esses quadrinhos
todos coloridos podem ser divertidos, mas algumas das vezes acho muito confuso.
Principalmente esse, teve muitas coisas que eu não conseguia entender. Tem um
conteúdo muito pesado e obscuro. Contém muitas cenas de sexo e problemas
familiares sérios, então não é apropriado para menos de 18 anos.
Esse enredo envolve uma família que
vivia feliz. Era pelo menos o que eles acreditavam. Essa família se consistia em
um casal e uma cunhada, irmã mais nova da esposa. Ela era uma criança quando
eles se conheceram. Quando o casal ainda estava se conhecendo, essa criança
estava sempre junto. Provavelmente o homem sempre se perguntava: por que essa criança sempre tinha que estar junto?!
Só que ele nunca perguntou. E agora, finalmente, ele se casou com a mulher que
ama. Durante esses anos, sempre os três juntos, ele nem havia percebido que algo
havia mudado.
Aquela criança havia virado uma
mulher linda e muito sexy, talvez ele nunca tivesse percebido, se não fosse por
causa daquele maldito dia em que ele abriu a porta de entrada e viu um corpo nu
e molhado. Foi naquele momento que ele percebeu que aquela criança que ele
costumava carregar em seus ombros havia virado uma mulher. Só que isso poderia
passar. Embora houvesse um certo
desconforto no ar, aquilo poderia ser esquecido. Poderia, se ele não tivesse
cometido um pequeno engano ao confundir ela por sua esposa e apalpar os seios
dela quando dormia em uma viagem de férias. Se ela não visse, então tudo bem,
ele poderia esquecer do constrangimento daquela noite, entretanto, as coisa
começaram ficar mais estranhas quando, cada dia mais, sua cunhada parecia estar
mais sedutora. Aquilo era propositalmente ou era apenas sua mente que percebeu
o que não deveria ter percebido, fazendo-o ver? E foi assim que o pesadelo
começou.
(Atenção!! Daqui para frente poder conter spoiler.)
Chang
Sik é o cara que só de pensar
nele. Eu tenho vontade de jogá-lo de um prédio. Deixando minha raiva de lado,
ele é um cara gentil, calmo e parece se adequar a qualquer tipo de
ambiente. Quando conheceu sua esposa,
ele ficou encantado com ela, mesmo que ela não falasse muito e eles não tivessem
tido momentos normais de casais por sempre estarem acompanhados de sua pequena
cunhada. Ele aceitava a situação e nunca tentou enxergar de fato a situação ali. No meu ponto
de vista, ele só a via superficialmente, nunca tentou olhar mais a fundo.
Ele parecia amar sua esposa,
entretanto, o que realmente eles tinham? Ele a conhecia de verdade? No fundo, será
que ele não sentia que havia algo errado? Então por que ele deixou passar? Aparentemente,
talvez realmente não faltasse nada. Quem está de fora é muito fácil dizer o que
pensa, mas só quem está lá dentro sabe realmente como é. Diante aquela garota
linda, que está a seduzi-lo, não era imaginação, era mais real do que ele
imaginava. Como se não bastasse um primeiro erro acidental, os erros
continuaram acontecendo, até ao ponto de não serem mais acidentais, serem
escolha. Ele se deixou levar pelo desejo.
Só que o mesmo tanto de prazer que
sentia cada vez que possuía sua cunhada, sua consciência que ainda
existia o fazia sentir dor. Ele sentia dor ao ponto de achar que ia morrer. Mesmo
assim, ele não conseguia parar aquilo. Foi assim que um homem que parecia ser
bom e amar sua esposa se autodestruiu. Quanto eu via esse cara fazendo essas
coisas e sofrendo por estar fazendo, eu ficava pesando: por que você está
fazendo isso? A única coisa que você sente é prazer e logo depois vem a infelicidade
arrasadora. Não havia felicidade e, pelo que eu via, nem satisfação. Ele ficou
escravo dos seus próprios desejos e não suportava a culpa por trair a sua
mulher.
Sae Mi,
outra pessoa que pensei o quanto queria derrubá-la de uma prédio. Não consigo
definir de quem mais tenho raiva e desprezo. Ela é de fato atraente, não
consigo dizer sua qualidade e características, porque tudo que consigo ver é o
quanto ela foi descarada. A verdade é
que ela sempre foi apaixonada pelo seu cunhado, desde quando o viu quando ainda
era apenas uma criança. Ela que induzia sua irmã a ir vê-lo e, se não fosse por
causa dela, talvez hoje eles nem fosse casados. No começo, ela apenas estava se
contendo, pois ela sabia muito bem que ele só tinha olhos para sua irmã. Entretanto,
depois que ela viu ele a apalpando enquanto dormia, aquilo despertou o desejo
de tentar.
Ela o provocou de todas as formas
possíveis, só que ele não dava tanta bandeira. Isso a frustrou um pouco,
entretanto, um dia, ele cometeu um deslize e ela se deixou levar por um segundo.
Depois, seu corpo se paralisou e ela não conseguiu evitar. Saber que aquele
momento só aconteceu porque foi confundida pela sua irmã foi tão mais doloroso
do que o sexo violento em sua primeira vez naquele momento. Poderia ter sido
algo maravilhoso, mas ela ficou em cacos, tanto pela culpa quanto por saber que,
na verdade, não era com ela que ele estava fazendo. Sae Mi poderia ter parado
depois daquilo, mas ela não se contentou, ela queria ser abraçada sendo ela
mesma, então não permitiu que aquele pesadelo fosse esquecido.
“Eu estava arrependida? Não. Eu sou apenas infeliz e triste.”
E foi aí que sua autodestruição
também começou. Não importava quantas vezes eles fizessem, não havia felicidade
ali, só havia prazer e peso na consciência porque, até então, ela tinha uma. Mesmo
que ela soubesse que o que estava fazendo era tão errado, Sae Mi continuava
indo atrás e se destruindo. Se ela soubesse o que sua irmã fez por ela, será
que ela seria capaz de fazer algo como isso? Ela poderia ter tido uma vida
normal, ao lado de um garoto que a amava, respeitava e a tratava como se fosse
preciosa. Eu, sinceramente, não consigo engolir nem um dos dois. Ambos são tão
cretinos e culpados. Eu não sei se entendo o motivo dela ter continuado. O
motivo dos dois terem continuado, talvez seja como eu, quando comecei a ler
esse mangá e percebi que não devia o ler, mas eu não resisti a curiosidade de
saber onde isso ia dar. Talvez eles tivessem curiosos para saber onde toda essa
loucura iria os levar.
Jung Yoo
mi, essa mulher é lamentável, não só por ter sido traída pelas duas
pessoas que ela mais amava, mas por toda sua história de vida, por tudo que ela
teve que passar muito antes de tudo isso e tudo que ela teve que suportar
durante tudo isso. Ela é uma pessoa um tanto vazia, ela fechou dentro de si
vários sentimentos para poder sobreviver a essa vida maldita. Quando era
adolescente, tinha que cuidar de sua mãe doente e de sua irmãzinha. Sua mãe não
podia trabalhar e por ela ser de menor, também não poderia fazer muita coisa. Então,
não estavam conseguindo pagar o aluguel e o locatário estava querendo por elas
para fora. Ela pensou em muitas soluções possíveis para isso e chegou a uma
conclusão: quitar sua divida e mais alguns meses pagando com a única coisa que
ela teria de valor, e foi assim que ela perdeu tudo, sua virgindade e dignidade
para um velho nojento de 70 anos.
Fez isso em momento de desespero,
para poder proteger sua família, em especial a sua irmã menor. Depois disso,
ela selou tudo dentro de si, gravou apenas a dor que sentiu aquele dia para
continuar lutando para nunca mais ter que passar por tal situação. Quando conheceu seu esposo, ela não tinha qualquer
intenção com aquele homem. Se não fosse sua irmã insistir tanto em vê-lo, ela
nunca teria tido qualquer coisa a ver com ele, mas também nunca teria descoberto
que nem tudo é dor. Foi com ele que ela aprendeu que a vida pode ser prazerosa também.
Entretanto, ela nunca permitiu ninguém olhar o que ela tinha dentro de si,
quanta dor ela carregava, o quanto seus dias eram vazios. Mesmo tendo uma família
“feliz”, Jung Yoo mi nunca era ela mesma.
“Quando
olho para passado, sempre houve uma razão. É por isso que a vida era fácil. Uma
razão para se afastar dele... uma razão para não aceitar esse modo de vida...
sempre havia uma razão. É por isso que a vida era fácil. Eu sabia onde estavam
os problemas e por isso tinha que
corrigi-los... mas... se algo acontecer para a vida que você pensou que era
fácil...?”
De certa forma, mesmo casada com um
homem bom, nada havia mudado de fato dentro dela. Faltava algo, talvez alguém
que tivesse realmente disposto a conhecer ela de verdade. Foi aí que ela
conheceu aquele homem, que tinha os mesmos gostos. Sim, ela se sentiu bem na
companhia dele, e talvez algo entre eles tivesse realmente acontecendo. Só que
aquele beijo roubado a acordou a fez lembrar daquele dia em que tudo dentro
dela parou, e ela não deixou ir além daquilo. De alguma forma, aquele dia
serviu para despertá-la e lembrar que tinha uma marido maravilhoso e como ela
devia dar uma chance de tentar ser melhor em deixá-lo entrar de verdade em sua
vida, afinal, não era tarde para começar. Era o que ela pensava, então tentou,
tentou todos os dias.
“Naquela
noite... eu... pela primeira vez... ao ponto onde eu queria morrer. Eu sentia
solidão.”
Já nadou contra corrente? Você dar o
melhor de você, se entregar de corpo e alma por algo, mas não importa o quanto
você continue fazendo, não é suficiente e aí você termina em um completo vazio.
Quando ela se juntou a seu esposo, foi pelo bem de sua irmã. Sempre foi pelo
bem de alguém que ela estava fazendo algo, nunca por ela mesma. Pela primeira
vez, ela decidiu fazer algo por ela, amar seu esposo, estar com ele por vontade
própria. Eu desejei inúmeras vezes que ela descobrisse logo, pois não suportava
mais vê-la tentando tanto enquanto eles faziam aquelas coisas nas costas dela.
E então, ela viu sua vida fácil se destruindo em pedaços. Ela mal havia
encontrado uma razão para viver por si mesma, depois de sofrer tanto. Agora ela
que estava lutando, se deparou com a situação mais destruidora que uma mulher
que ama pode passar, mas ainda pior, vocês devem entender bem o porquê. Sem
dizer qualquer coisa, ela apenas quis sair dali. Foi quando ela se deu conta o
quão sozinha ela era, não tinha amigos, não tinha ninguém para contar em uma
noite tenebrosa como essa.
“Minha
vida se foi. Eu tinha morrido...agora, a única coisa que resta é tirar um pouco
do peso de meus amados então agora eu tenho que viver olhando para frente. E
nunca enfrentar uns aos outros novamente, como mortos...”
Ela tentou amortecer aquela dor trazendo outras dores. Dia pós
dias, até que aquilo não levava a lugar nenhum. Então, sem dizer nem uma
palavra, ela tentou mais uma vez. Ela disse que, pelas pessoas que ela amava,
ela nunca mais ia olhar para trás, ia apenas seguir em frente, como se estivesse
morta. Quando terminei esse mangá, me veio em mente um versículo Bíblico que fala
que o adultério leva a morte. Ele com certeza não estava falando da morte
física, acho que esse mangá deu um verdadeiro exemplo disso, afinal, como os
personagens mesmo disseram, no final eles estavam mortos.
Eu acho que o conteúdo não é ruim.
Eu acho que escrevi demais, pois tinha que por tudo para fora. Quando digo que
não devo ler esse tipo de coisa, estou falando sério. Eu entro na história,
então isso não me faz nem um pouco bem. Só que, por outro lado, esse é um mangá
bem intenso e é de fato bom, não há dúvidas para mim. Contudo, irei tomar mais
cuidado na próxima. Não quero mais ler nada desse estilo nunca mais, pois não
gosto do gosto amargo que ele me deixou nem dessa sensação horrível. Se sabem
lidar com esse tipo de coisa, boa leitura.
Gênero: Drama, Ecchi, psicológico e Slice of life
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