Setembro Amarelo – Suicídio no Japão

" Ninguém está vindo para me ajudar."

Por causa da campanha Setembro Amarelo (o mês internacional da prevenção ao suicídio), decidi que seria uma boa hora de falarmos sobre o “Suicídio no Japão”, quem conhece um pouco sabe bem que o Japão é o país com a maior taxa de suicídio do mundo. O índice de suicídios no Japão é de 18,5 para cada 100 mil habitantes, são todos os tipos de pessoas: adolescentes, mulheres, homens e idosos. Contudo, quem mais comete suicídio são homens entre 20 e 40 anos. 

Por que isso acontece tanto? Bem, alguns irão dizer que já vem da própria cultura japonesa que faz com que eles sejam mais propensos a cometer o ato, pois, antigamente, os samurais, quando falhavam em uma missão importante, por causa da vergonha diante dos seus superiores, cometiam “seppuku” (se suicidavam) e isso realmente deve causar sim uma influência. Como, no Japão, não tem a história do cristianismo, para eles, cometer suicídio não é pecado, por isso eles encaram como uma forma de assumir a responsabilidade por algo.

Os motivos mais comuns que os levam a cometer suicídio geralmente são causados pela “pressão social” que é muita no Japão. Um pai de família que não consegue arcar com suas dividas, ou um trabalhador que comete um erro grave em sua empresa, não suporta a vergonha de não ter conseguido cumprir sua obrigação. Um jovem que não consegue passar no vestibular, idosos que vivem sozinhos (muitos foram abandonados pelos seus filhos e não têm um emprego), ou até mesmo que moram com suas famílias, mas não suportam ver que estão sendo um peso, acabam por se suicidar.

Os japoneses têm muito conhecimento, mas não tem muita experiência de vida e a cultura, de certa forma, os reprime dizendo que eles não podem reclamar. Uma sociedade muito cheia de regras, o que acaba induzindo o cidadão a sempre guardar tudo para si, toda a ansiedade, todos os sentimentos complicados que vão surgindo em uma pessoa que vem passando por muita pressão psicológica diariamente. Eles foram ensinados a não expressar o que realmente estão sentindo. Então, com isso, muitos acabam se afundando, perdendo a esperança e, totalmente incapazes de pedir ajuda, acham que a única saída disso tudo é morrer.

Doenças mentais, no Japão, é praticamente um tabu, por isso depressão não é compreendida e nem levada com muita importância. O sistema de saude mental é muito precário, não tem muitos profissionais na área, nem mesmo tem um sistema de ensino, no Japão, para a qualificação profissional de psicólogos clínicos.  Segundo algumas informações, o governo tem começado a se despertar sobre o assunto por causa da taxa que tem aumentado muito e tem afetado o crescimento da população e da economia japonesa. Mas não sei se isso tem sido algo só teórico ou se eles realmente têm feito algo sobre o assunto.

Estudando sobre este assunto, eu percebi o quanto literalmente os japoneses são pessoas solitárias, mesmo aqueles que têm uma família ou um amigo muitas vezes não deve compartilhar seus verdadeiros sentimentos quando está no momento difícil e isso é algo que vemos bem representado em doramas. O que vemos muito também é o caso de quando eles estão doentes e escondem da própria família que só descobre quando a pessoa está na pior ou só quando morrem. Não poder me expressar, não consigo me imaginar vivendo assim, acho que vivendo desta forma, até as pessoas mais equilibradas podem acabar fazendo esta decisão. 

Nem todo mundo é forte e até mesmo uma pessoa forte pode entrar em depressão e cometer suicídio ao passar por momentos além do que ela possa suportar. Nem todos demostram o que estão passando, ás vezes nem é por vergonha, mas por ser da natureza dela ser assim, às vezes a pessoa quer ser enxergada, quer que alguém enxergue que, embora ele esteja sorrindo, tem alguém lá dentro gritando em desespero por ajuda. Não é só no Japão que isso acontece, é no mundo inteiro por “N” motivos e muitos poderiam ser evitados se nós parássemos e observássemos mais quem está do nosso lado.

  Fonte:  Site BBC . Livro um Nerd no japão