A história gira em torno de duas crianças de vidas
distintas, mas que compartilham basicamente as mesmas dores e infelicidade. Um
deles está constantemente brigando na escola, por não suportar que seus colegas
fiquem tratando-o como lixo, enquanto catucam sua ferida, quando falam sobre os
abusos que sofria nas mãos de seu pai. Depois de muitas brigas, de acordo com
uma análise, resolveram pô-lo em uma classe especial, com crianças com vários
tipos de deficiência. Foi lá que conheceu o outro garoto, que ficava apenas
calado no fundo da sala e de sua boca nem uma palavra saia, o que o fazia
pensar se essa era uma de suas deficiências. Quando ouviu sua história das
bocas de pessoas que estavam fofocando entre si, o garotinho passou a se
simpatizar com o menino mudo, que estava passando, basicamente, pelos mesmos
sofrimentos. Um dia, quando se cortou, o garoto, que nunca havia falado,
perguntou se estava bem. Surpreso por ouvir sua voz pela primeira vez, esqueceu
seu corte. O garoto o toca e começa a analisar seu machucado. Ao soltar, logo
percebe que seu corte não estava tão profundo quanto havia imaginado. Contudo,
por que o menino também tinha um corte no mesmo lugar? Que poder misterioso é
esse?
“... Nós
passamos por coisas terríveis e não tínhamos a força para evitar a
infelicidade. Mas acho que isso vale para qualquer um, as pessoas não suportam
a tristeza, não conseguem suportar de jeito nenhum.”
Keigo é um garoto
temperamental que, apesar de ter vivido no meio do inferno, ainda consegue ser
gentil. Ainda assim, não leva desaforo para casa e, se alguém o julga e fica
cutucando suas dores, ele briga, não se importando com as consequências. Por
essa razão, foi parar na sala especial, o que foi bom para ele, no fim das
contas, pois ali ninguém o julgava ou falava mal dele. Assim, ele passou a ter
dias em paz na escola. Na verdade, ele ficava enrolando o quanto podia na
escola para não ir para casa. Ele vivia com parentes, agora, que o tratavam
como um nada. Anteriormente, seu pai alcoólatra batia nele e em sua mãe, mas,
dentro de sua caixinha especial de memórias, havia uma em que ele era gentil, o
que, por um breve momento, o fazia não o odiar. Não tinha ideia se era real ou
apenas uma fantasia. Depois, o homem ficou muito doente e entrou em coma, o que
parecia ser um alívio e o fim do inferno. Porém, sua mãe o abandonou e uns
parentes, que só queriam sua casa, resolveram ser seus tutores. Na verdade, nem
cuidavam dele. Keigo tinha muito medo de seu pai, ao ponto de não conseguir visita-lo.
Mesmo carregando tanta infelicidade, ainda assim, ele conseguia ser uma boa
pessoa. Espero que, no futuro, ele mantenha-se uma boa pessoa e seja feliz.
“Agora, nós dividimos a dor...”
Asato é um garoto
bonito e fofo, mas muito calado. Seu passado não foi um mar de rosas. Na
verdade, ele também passou pelo inferno. Sua mãe, um dia, enlouqueceu e matou
seu pai, por fim, tentou matá-lo. Ele quase morreu ao ser esfaqueado na
barriga. Assim, passou a ser cuidado por parentes, que fingiam que ele não
existia. O garotinho não falava nada e não exigia nada, para não ser um peso para
ninguém. Apesar de seu rosto não ser muito expressivo, ele carregava muita dor,
mas não dizia a ninguém. Solitário, um dia acabou fazendo seu primeiro amigo. Pela
primeira vez, ele se divertia. Com esse poder misterioso, que nem ele mesmo
sabia do que se tratava, Asato usava para curar as pessoas, pegando a dor e as
cicatrizes para si. No começo, para Keigo, isso era só uma brincadeira
divertida, sem entender o que isso significava para Asato. O garotinho, que
carregava tanta escuridão dentro de si, achava que era melhor ele carregar a
dor das outras pessoas, por acreditar que não tinha valor algum, afinal,
acreditava ser uma criança indesejada, a qual sua própria mãe resolveu se
livrar. No fundo, ele queria acabar com tudo e com sua vida, levando a dor do
máximo de pessoas possíveis. No entanto, seu amigo, que apesar de também ter
passado pelo inferno, determinadamente, resolveu mostrar que não era alguém
indesejado e que ele estava ali por ele, para dividir toda a dor um com o outro
e superar isso.
Claramente,
qualquer criança que sofre algum tipo de trauma é assombrada de alguma forma,
no futuro, por esse fantasma. No mundo, há todos os tipos de pessoas. Podemos
ver alguém que é infeliz e, apesar da dor, consegue ainda ter um espírito forte
e viver. Outro que não suporta a dor de jeito algum e toma medidas mais tensas.
O importante é que, independentemente dessa pessoa estar tentando viver, apesar
de tudo ou não, a dor é algo que acaba com a gente, dia após dia, até que, um
dia, não reste nada. Acho muito importante não ignorar quando descobrimos que
crianças estão passando por sufoco. No entanto, não pense que é tão fácil
assim, afinal, o conselho tutelar não facilita nem um pouco que essas crianças
sejam salvas. Por que eu sei isso? Já tentamos ajudar uma adolescente que
estava em tal estado, e quem saiu como ruim, que queria destruir a família,
fomos nós. Quero dizer que é esse tipo de atitude que faz muitas pessoas
virarem a cara para não enxergar esse tipo de coisa. E não é só nesses casos,
mas na mulher que apanha do marido também. Assim como essas crianças dessa história
desejam, eu também desejo um futuro em que elas não tenham que passar por essas
coisas, e sua inocência e felicidade sejam protegidas o máximo possível.
Indicadíssimo esse mangá.
Gênero: Drama
Autor: OtsuichiIlustrador: Hiro Kiyohara
Mangá: 1 Volume
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