Quando
decidi assistir a esse filme animado, não fazia ideia do que se tratava. Sim,
eu, às vezes, assisto algo só pela capa, sem buscar saber sobre o que se trata.
Fui pega desprevenida e fui envolvida por sentimentos de angústia e desespero.
“Hotaru no Haka”, ou “Túmulo dos vagalumes”, foi lançado, no Japão, em 1988. Ganhou
uma variedade de prêmios. Apesar de ser antigo, a qualidade é simplesmente
incrível. Essa história impactante envolve o período da Segunda Guerra Mundial.
Muitos só viram o que a guerra faz de forma superficial, no entanto, não
sabemos como se desenvolve a vida das pessoas diante de uma guerra. Esse filme
foca nesse ponto.
Em 2005, no aniversário de 60 anos após
a Segunda Guerra Mundial, foi lançado o primeiro live-action, baseado na história original. Sempre falo o quanto os live-actions, geralmente, são muito
ruins, mas esse filme foi muito bem-feito. No começo, questionei a qualidade, mas,
no desenvolvimento, mostrou sua qualidade, nos fazendo sentir como se estivéssemos
vendo a situação de forma real. Alguns detalhes foram mudados e foram mais a fundo
em certas situações que, na animação, não foram trabalhadas. Assim, deu um ar
ainda mais chocante à história. Em 2008, lançaram outro remake, mas não consegui encontrar. Esse é um filme ideal para ter
um conhecimento maior sobre o que muitos japoneses passaram na guerra.
A história envolve um garoto e sua
irmãzinha que, durante a Segunda Guerra Mundial, em 1945, no Japão, perderam
seu lar e sua mãe após um bombardeio que devastou Koba. Não tendo onde ficar,
acabam indo viver com uma tia distante. Enquanto ele estava conseguindo alguns
mantimentos, tudo estava relativamente bem. No entanto, quando as coisas
começaram a apertar e a falta de mantimentos estava cada vez maior, a sua tia,
que no começo havia os tratado bem, começou a diminuir os alimentos dos dois, enquanto
ela, a filha e o cunhado comiam o suficiente. A cada dia ela os pressionava,
jogando na cara que não faziam nada para merecer o alimento. Então, o rapaz
resolveu parar de ser um incômodo e foi viver por conta própria com sua
irmãzinha. Assim, eles passam a morar em um abrigo antibombas abandonado. Por
um tempo, ele conseguiu mantê-los, mas sua renda, que já era mínima, estava acabando
e até mesmo as pessoas que vendiam alimentos estavam se recusando a
vender. E agora? Qual será o destino
dessas crianças, vivendo sozinhas no meio de tanta miséria?
Seta é
um rapaz aplicado, orgulhoso e protetor. Estudava em uma das melhores escolas.
Seu pai era capitão da marinha e, de acordo com os ensinamentos do seu pai, ele
sempre teve orgulho da profissão e sonhava seguir o mesmo rumo. Antes de seu
pai partir para a guerra, o fez prometer que protegeria sua irmã e mãe. Quando
a guerra estourou e sua cidade foi bombardeada, sua mãe acabou sendo pega.
Começando por aí, já era difícil. Ele se tornou fortemente protetor de sua
irmãzinha e não queria sair de perto dela nem um momento. Por essa razão, não
ia estudar ou arrumar um trabalho. Quando decidiu viver por conta própria, ele
conseguiu viver confortavelmente. No entanto, logo ele não conseguia mais
trazer alimentos, não tinha dinheiro, nada para trocar e ninguém dava uma mão amiga.
Ele não viu outra escolha a não ser deixar a honra de lado e passar a roubar.
Isso foi humilhante para ele, mas era uma questão de sobrevivência. Ele e sua
irmã, às vezes, ficam dias sem comer. Não tem nada mais doloroso do que ser imponente
e ver que a pessoa que quer proteger está cada dia mais desnutrida.
Satsuko
é uma menina de 7 anos, animada e amorosa. Quando perdeu sua mãe, ela demorou a
ficar ciente disso. Todas as noites, ela chorava, chamando pela mãe, e seu
irmão, carinhosamente, tentava acalmá-la. Ela viu todo o esforço que seu irmão
fazia por ela, tentando, ao máximo, resistir a tudo, até que o seu pai
voltasse. Se é que ele voltaria. Satsuko foi uma boa garota e, mesmo nos
momentos mais tensos, confiou muito em seu irmão. A sua gentileza era tamanha,
que até mesmo enterrou uns vagalumes que morreram. No entanto, a cada dia, ela
estava mais fraca. Ao ser levada ao médico, ele disse que o problema dela era
desnutrição. Satsuko estava morrendo. A única alternativa, a única coisa que poderia
salvá-la, era se alimentar de forma correta. Mesmo assim, ninguém estendeu a
mão. Ninguém fez nada. Deixaram esses dois à sorte.
No fim da guerra, em setembro de
1945, vimos o resultado que ela deixou. Acho que, talvez, morrer assim que uma
bomba cai e explode tudo ou depois de levar um tiro certeiro não da para se
comparar a morrer de desnutrição. É uma morte lenta e agonizante. Em tempos de
guerra, muitas pessoas morreram assim. No entanto, ainda hoje, em pleno século XXI,
muitas crianças e pessoas morrem dessa forma. Essa é a forma mais cruel, que
tem matado muitos. Tudo por causa de um método de governo maligno. Quando eu
via essas crianças passando por isso, não pensei somente em tempos de guerra.
Pensei no agora, em que nem em guerra estamos, mas mesmo assim acontece isso
todos os dias. Isso me deixou tão destruída. Não tem um método de tortura maior
do que esse.
Tanto a animação quanto o live-action são fantásticos. INDICADÍSSIMOS!!!
Assistam ambos, pois tenho certeza que não se arrependerão. É sempre bom ter um
toque de realidade, porque vivemos no luxo e nem fazemos ideia. Estamos sempre
desperdiçando e reclamando. Caímos em uma ideia idiota de que “isso nunca vai
acontecer comigo”, mas não dá para saber o dia de amanhã. Hoje, podemos viver
em um mar de rosas, mas amanhã, quando elas secarem, seremos furados pelos
espinhos. Temos um exemplo bem aqui do lado, na vida real.
Gênero: Guerra, Slice of life
Roterista: Isao Takahata
Filme animado: 1
Filme animado: 1
Live-action: 2
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